<MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=15 mm><LF=164 mm><AF=258 mm><FIOH=2 pt><MF=27 mm><PF=40 mm><LF=164 mm>ATA DA  TERCEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 21.02.1997.

 


Aos vinte e um  dias do mês de fevereiro do ano de mil novecentos e noventa e sete, reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Clovis Ilgenfritz, Cyro Martini, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Dib, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Sônia Santos e Tereza Franco. Ainda, durante a presente Sessão, compareceram os Vereadores Clênia Maranhão, Fernando Záchia, João Motta e Nereu D'Ávila. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Primeira e da Segunda Sessões Ordinárias,  que foram  aprovadas. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 63, 64, 65, 66, 69/97, do Senhor Prefeito Municipal; 01 /97, do Vereador Roberto Jaime Hess, Presidente das Câmara Municipal de Igrejinha/RS; 01/97, do Vereador João Carlos Defaveri, Presidente da Câmara Municipal de Ibiaçá/RS; 01/97, do Vereador Luís Cezar Rinaldi, Presidente da Câmara Municipal de Santo Antônio de Palma/RS;  01/97, do Vereador Albano Voltz,  Presidente da Câmara Municipal de Nova Petrópolis/RS; 01/97, do Vereador Kao Spindler,  Presidente da Câmara Municipal de Novo Hamburgo/RS;  01/97, do Vereador Luciano Pinto da Silva, Presidente das Câmara Municipal de Arroio do Sal/RS; 01/97, do Vereador Edgar Müller, Presidente das Câmara Municipal de Cachoeira do Sul/RS; 01/97, do Vereador Sidnei Bitencourt, Presidente da Câmara Municipal de Sapucaia do Sul/RS; 01/97, do Vereador Luciano Palma de Azevedo, Presidente das Câmara Municipal de Passo Fundo/RS; 01/97, do Vereador Celso Paese, Presidente da Câmara Municipal de Viadutos/RS; 01/97, do Vereador Irineu Mânica Ferri, Presidente da Câmara Municipal de Arvorezinha/RS; 01/97, do Vereador José Francisco Silva da Silva, Presidente da Câmara Municipal de Charqueadas/RS; 02/97, do Vereador José Neuhaus, Presidente da Câmara Municipal de Barão/RS; 02/97, do Vereador Sérgio Antônio Cardoso, Presidente da Câmara Municipal de Cacequi/RS; 03/97, do Vereador Secundino Rosa de Oliveira, Presidente da Câmara Municipal de Caçapava do Sul/RS; 04/97, do Vereador Jair Dutra Rodrigues, Presidente da Câmara Municipal de  Pontão/RS; 10/97, da Vereadora Maria de Lurdes Ferri Conzatti, Presidente da Câmara Municipal de Eldorado do Sul/RS;  12/97, do Vereador Ilário Noé Furtado de  Fraga,  Presidente da Câmara Municipal de Herveiras/RS; 12/97, da Senhora Lucilene Carvalho, da Seção de Cerimonial da Câmara Municipal de Uberlândia/MG; 48/97, do Vereador Tancredo Lopes, Presidente da Câmara Municipal de São Lourenço do Sul/RS. À MESA foram encaminhados: pela Vereadora Maria do Rosário, 01 Indicação nº 04/97 (Processo nº 582/97) e 01 Projeto de Lei do Legislativo nº  02/97 (Processo nº 250/97); pelo Vereador Paulo Brum, 02 Pedidos de Providências; pela Vereadora Sônia Santos, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 20/97 (Processo nº 605/97). Ainda, o Senhor Presidente deferiu Requerimento do Vereador João Motta, solicitando o  desarquivamento do  Projeto de Lei do Legislativo nº 10/93 (Processo nº 507/93). Em continuidade, foi iniciado o período de PAUTA. Em Discussão Preliminar,  1ª Sessão, esteve  o Projeto de Lei do Legislativo nº 16/97, discutido pelos Vereadores  João Dib, Adeli Sell, Cyro Martini,  Antonio Hohlfeldt e José Valdir. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib comentou discussões hoje efetuadas na Casa, relativas ao Projeto de Lei do Legislativo nº 16/97. Teceu considerações sobre o Orçamento Participativo e criticou gastos da Administração Municipal, quando da divulgação, na imprensa, de edital de autuação com sanção de multa para proprietários de imóveis no Centro da Cidade. O Vereador Luiz Braz falou de transferência efetuada pela Administração Municipal, de moradores da Vila Cai Cai para o Loteamento Cavalhada,  informando que, na próxima segunda-feira, deverão ser despejadas vinte famílias desse loteamento. Também, solicitou posições mais claras  de parte do Partido dos Trabalhadores no referente aos problemas habitacionais de Porto Alegre. O Vereador Antonio Hohlfeldt  leu resposta do Executivo ao Pedido de Informações nº 144/96, de sua autoria,  segundo a qual o sétimo andar do prédio localizado na Avenida Borges de Medeiros, número 2244, não possui carta de habitação. Atentou para os problemas originários dessa irregularidade e para seu real significado, tendo em vista que esse andar é ocupado pela Secretaria Municipal de Obras e Viação.  O Vereador Hélio Corbellini reportou-se ao pronunciamento do Vereador Luiz Braz, acerca da possibilidade de despejo de moradores do Loteamento Cavalhada, discorrendo sobre o processo que resultou na criação desse loteamento e declarando que serão buscadas as soluções necessárias para evitar maiores conflitos. O Vereador Carlos Garcia comentou a possibilidade de despejo de famílias ocupantes de área na Avenida Oscar Pereira, número 4470, declarando que esses moradores possuem contas individualizadas de água e luz, o que demonstra uma "conivência do poder público" com tal ocupação. Solicitou providências para que não ocorra o despejo previsto no local. O Vereador Isaac Ainhorn referiu-se ao pronunciamento do Vereador Carlos Garcia, acerca da possibilidade de despejo de moradores da Avenida Oscar Pereira, número 4470. Destacou que as ocupações dessa área são absolutamente irregulares, exigindo soluções eficazes e urgentes para que se possa resolver o problema social ali criado. Após, o Vereador Pedro Ruas solicitou que fosse liberado o  funcionário  Coronel Luiz Gomes, para que possa acompanhar os despejos previstos para a próxima segunda-feira. Ainda, o Senhor Presidente registrou o falecimento do Senhor Mauri Maurer, militante fundador do Partido dos Trabalhadores. Também, o Senhor Presidente informou que será distribuído aos Senhores Vereadores um organograma  relativo ao quadro funcional da Casa e comunicou ao Vereador  João Dib que entregará, amanhã, resposta ao Requerimento de Sua Excelência, sobre o número de assessores a que tem direito  cada Vereador da Casa. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA e foi aprovado Requerimento do Vereador João Dib solicitando seja o Projeto de Lei do Legislativo nº 16/97 considerado em regime de urgência e submetido à reunião conjunta das respectivas Comissões Permanentes. Na ocasião, o Vereador Luiz Braz formulou Questão de Ordem inquerindo a possibilidade de se aprovar o regime de urgência para Projeto  que ainda não se encontre na Ordem do Dia, ao que o Senhor Presidente respondeu que esta prática não é anti-regimental. Logo após, o Senhor Presidente deu conhecimento ao Plenário que o Vereador Gerson Almeida foi designado para representar esta Casa, na qualidade de membro suplente, junto Comitê Gravataí (Processo nº 515/97).  Em EXPLICAÇÃO PESSOAL, o Vereador Guilherme Barbosa falou sobre a crise da agricultura em nosso Estado e sobre as situações  financeira e administrativa da Companhia Estadual de Energia Elétrica, analisando os reflexos, para essa Companhia, da saída de servidores face a aposentadorias e à implementação do Plano de Demissões Voluntárias. Na ocasião, o Senhor Presidente sugeriu a data de vinte e sete do corrente mês para a realização de reunião de Mesa com Lideranças, tendo o Vereador Nereu D'Ávila solicitado a transferência dessa reunião para o dia vinte e cinco, o que foi acolhido pelo Senhor Presidente. Em EXPLICAÇÃO PESSOAL, o Vereador Cyro Martini dirimiu interpretações suscitadas por seu pronunciamento em Pauta, referindo a necessidade de se ouvir a comunidade por ocasião da denominação de logradouros  públicos. Defendeu, também, a auto-regulamentação do Orçamento Participativo, por entender que o mesmo não comporta  qualquer forma de atrelamento ou engessamento, quer ao Poder Legislativo ou Executivo. O Vereador Adeli Sell somou-se às colocações aqui feitas pelo Vereador Guilherme Barbosa, sobre a Companhia Estadual de Energia Elétrica, e questionou os reais objetivos da extinção da Empresa Meridional Informática. Defendeu o engajamento da Comissão de Educação da Casa na busca de criação de uma escola técnica agrícola municipal. Propôs a realização de campanha turística sobre Porto Alegre e registrou ter encaminhado Requerimento à Casa, propondo a exposição de trabalho do fotógrafo Valter Freitas sobre o tema  "Juventude, Rebeldia e Democracia". O Vereador Elói Guimarães reportou-se ao crescimento da violência no País, considerando que o aumento do desemprego é uma das suas causas principais. Declarou ser gravíssima a  situação brasileira, apesar das imagens positivas estampadas pela mídia, cobrando do governo outras  providências  além  da  estabilização  da moeda.  A Vereadora Maria do Rosário comentou as ponderações feitas pelo Vereador Elói Guimarães quanto à questão da violência. Disse que o Estatuto da Criança e do Adolescente  é da maior importância  e que, se devidamente cumprido, enfrentará a situação social grave que se abate sobre as verdadeiras vítimas da violência: os menores nela envolvidos  pelos adultos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Reginaldo Pujol elogiou a atuação do Secretário de Segurança do Estado  e da Brigada Militar no episódio de desocupação da fazenda Guabijú, em cumprimento a uma ordem judicial. Ainda, teceu considerações acerca da lei que proíbe ao cidadão comum andar armado,  conclamando todos a assumirem sua parcela de responsabilidade no sentido de se inverter a atual evolução da violência em nossa sociedade. Às onze horas e dezesseis minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima  segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Reginaldo Pujol e Paulo Brum e secretariados pelos Vereadores Paulo Brum e Guilherme Barbosa. Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente que, após lida e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): <D>Havendo quórum, passamos à

 

<D><D><MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=15 mm><LF=164 mm><AF=257 mm><D><E>

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 0584/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO

Nº 016/97, de autoria do Ver. João Dib, que denomina Praça São Marun um logradouro público localizado no Loteamento Joframa, no Jardim Itu-Sabará. Com Emenda nº 01.  Urgência.

 

O SR.  PRESIDENTE:  O Ver. João Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na Pauta do dia de hoje, há apenas um Projeto, da autoria deste Vereador, que visa denominar Praça São Marun um logradouro público localizado no Loteamento Joframa.

O Ver. João Carlos Nedel, que, sem dúvida nenhuma, é um dos que mais conhece a religião Católica, fica preocupado  porque ele não conhece São Marun. São Marun é o padroeiro do Líbano, terra dos meus pais, terra dos meus ancestrais. Estará presente em Porto Alegre, no dia 10 de março, o patriarca libanês.

A Igreja Maronita do Líbano, da Igreja Católica, tem o seu patriarca mas, evidentemente, submete-se também à autoridade maior que é a do Papa.

Eu só vim a esta tribuna para dizer que, estando marcada essa programação, na presença do nosso patriarca libanês, para o dia 10 de março, eu já estou pedindo urgência para que seja votado e para que, com tranqüilidade, se possa, no dia 10 de março, na presença do patriarca libanês, fazer a inauguração dessa Praça que fica próxima à Rua Ten. Ary Tarragô. Eu conto com a urgência necessária para que essa matéria possa ser votada, e a Praça, inaugurada. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)  

 

O SR. PRESIDENTE: O próximo Vereador inscrito é o Ver. Adeli Sell, para discutir a Pauta.   

 

O SR. ADELI SELL:  Sr. Presidente, Sr. Secretário e Srs. Vereadores, eu gostaria de ter falado antes do Ver. João Antônio Dib, até para lhe perguntar algumas questões sobre a sua preposição. Eu sou favorável, nobre Vereador, ao nome que V. Exa.  dá a essa praça,  São Marun. Como o senhor fala na sua Exposição de Motivos, é para homenagear a República do Líbano, seu povo, sua trajetória, sua história, a trajetória da construção difícil  de uma Nação. Na própria Exposição de Motivos, há uma explicação das várias correntes religiosas de fé daquele povo. Parece que há uma certa contradição  dar o nome a uma praça específica, de São Marun, pela vinculação com os maronitas, se estou bem certo disso. Eu não tenho  o domínio que V.Exa. tem sobre o assunto. Parece estranho que, para homenagear o todo, se pega a homenagem de uma parte, de um segmento, dados os conflitos religiosos daquela parte do mundo que nos preocupa enormemente, ainda mais hoje que temos uma  reversão desse quadro: muitas pessoas, entre palestinos e judeus, lutando  pela paz. Deixou-nos extremamente satisfeitos a última declaração pública feita pela brasileira Lâmia Maruf, que foi libertada em Israel, ao fazer apelo pela paz.

 

O Sr. João Dib: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, V.Exa. me encanta com a sua presença  na tribuna para debater um problema da terra dos meus pais. Na verdade, o Líbano tem duas grandes correntes religiosas: a dos Muçulmanos e a dos Católicos Maronitas. Não há dificuldades entre as duas correntes no Líbano, tanto que quando um Presidente é católico, o Primeiro Ministro é muçulmano;  quando o Presidente é muçulmano, o Primeiro Ministro é católico. O Líbano é a Suíça  do Oriente, lá as pessoas se entendem. Lamentavelmente, interferências externas têm levado o Líbano a situações difíceis mas, graças a Deus, tudo se compõe.  Então, na realidade, o São Marun é o padroeiro do Líbano.

 

O SR. ADELI SELL:  Parece-me positivo, pela trajetória pessoal de São Marun, mas, eu havia lido um livro sobre o massacre de Sabre Satila e havia uma referência  a maronitas envolvidos, inclusive neste episódio, mas, em todos os povos  e em todas as religiões, sempre há diferenças e segmentações.  Então, devemos aprovar o nome dessa Praça como referência à personalidade de São Marun, ao povo do Líbano, à República do Líbano e exatamente a esta expressão de convivência e harmonia entre os credos. E, para aprovar este nome, deveríamos enfatizar que seria uma referência a seu espírito de desprendimento, de solidariedade para que esta homenagem nessa Praça não fosse uma referência  a um credo ou outro, mas sim à sua figura. Que isso representasse que aqui há  vários credos religiosos, que fosse aprovado por nós como indicativo de que buscamos a paz, a liberdade da democracia no Brasil e, particularmente, no Oriente Médio. E que, hoje, a luta pela paz no Oriente Médio seja fundamentalmente a nossa referência e o nosso norte. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  O Ver. Cyro Martini está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, incumbe-me o dever moral de ascender a esta tribuna para fazer colocações que, talvez,  não sejam tão simpáticas, tão agradáveis, mas que são, a meu juízo, relevantes. Quando estive aqui na Legislatura  de 89, 92, dos tantos "puxões de orelha" que recebi das comunidades, um deles diz respeito à denominação de logradouros, dar um nome a uma praça, para uma rua. Foi um "puxão de orelha" que me  doeu profundamente, porque percebi, tive consciência plena de que a comunidade tinha total razão e eu não tinha a mínima razão.

Essa é uma luta do Ver. Décio Schauren, por excelência, há muito tempo; acredito que ele não tenha ajudado a me dar esse "puxão de orelha", mas não duvido. Agora, como primeiro Projeto de Pauta, um Projeto que diz respeito a um Santo da Igreja Maronita, que merece  evidentemente toda a nossa consideração, todo o nosso respeito da Igreja Católica - não há dúvida de que a consideração aí deve ser destacada. O povo libanês também  merece todo o respeito, mas há uma consideração que nós não podemos deixar de lado,  que não podemos desconhecer, que é aquela que diz respeito aos moradores da comunidade, os que moram no bairro, lá no arrabalde; aquele povo de lá também é considerado.

Justamente, sobre o Jardim Itú Sabará, chamou-me a atenção,  há um tempo atrás, uma das ruas, cujo nome é Bertrand  Russel, um filósofo inglês destacado. Mas, fiquei olhando a placa e pensei: o que tem a ver o povo do Jardim Sabará com o filósofo inglês? Talvez eu, pela  minha formação acadêmica  talvez tivesse algo a ver, mas o povo do Jardim Sabará não  tinha nada a ver.

 

O Sr. João Dib: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Cyro Martini, o Loteamento Joframa não tem  nenhum habitante, nenhum morador, portanto não há a quem consultar.

 

O SR. CYRO MARTINI: É uma consideração sobre a qual também refleti, mas nas cercanias há moradores. Não  há zona nenhuma isolada e desabitada em Porto Alegre. É uma ocorrência impossível em Porto Alegre.

 

O Sr. Adeli Sell: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Há uma lei na Câmara, de autoria do Ver. Décio Schauren, que pede para que a comunidade se pronuncie. Acho, Ver. Cyro Martini,  que é importante  que a  comunidade se pronuncie. No caso de uma pessoa que não é conhecida, como Bertrand Russel, o nome deve ser sugerido a esta comunidade, até porque é uma personalidade mundial que contribuiu para a Ciência  e para a humanidade de uma forma espetacular. É o momento de se fazer a discussão com a comunidade, inclusive, para elevar  o nível de consciência dessas comunidades. Não vejo contradição.

 

O SR. CYRO MARTINI:  É o pensamento de V.Exa., que talvez não tenha uma vivência tão próxima das comunidades populares, que são muito zelosas, ciosas, quando a rua recebe uma denominação; parece que não aceitam de bom grado.

Outra coisa que me chamou a atenção, é que talvez tenha faltado tempo ao Ver. João Dib para refletir um pouco, porque está agora preocupado  com o Orçamento Participativo, e o pronunciamento dele acerca desse assunto foi de que as obras devem  ser entregues ao juízo dos técnicos. Eu discordo de tudo que está escrito aqui  em termos de Orçamento Participativo. O Orçamento Participativo é uma instituição, praticamente, espontânea da comunidade, que deve ser plenamente  acatada por todos nós. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu  achava tão tranqüila a questão de um Vereador fazer a proposição de batismo de uma via pública, de um logradouro público, nesta Cidade,  que pensei que passaríamos direto pela Pauta, para as outras partes desta Sessão. Mas, como este Projeto, repentinamente, levanta tanta celeuma, faço questão de, igualmente, deixar, aqui, registrada a minha posição, em primeiro  lugar apoiando o Projeto do Ver. João Dib. Aliás, tenho aprovado todos os Projetos de denominações, salvo situações muito específicas, onde a comunidade, de fato, entende que pode estar sendo, eventualmente, desrespeitada ou agredida, em determinado batismo.

O que esta Casa tinha que fazer, o Ver. Décio Schauren tomou a iniciativa, encaminhou, e nós discutimos, aqui, durante meses. Talvez o Ver. Antônio Losada, na condição de suplente,  tenha participado de algumas discussões. Acho que ele está misturando "alhos com bugalhos". Em primeiro lugar, o poder de denominação é tanto do Executivo como do Legislativo; o processo, no entanto, se encontra sob o controle do Executivo, tanto que cada Vereador que se dispõe a batizar um logradouro, vai lá no setor correspondente da SMOV, retira o seu mapinha e tem um prazo legal para a tramitação do Projeto.  Isso, no entanto, não tem impedido confusões homéricas. Eu já  tive logradouro liberado pela SMOV para batismo, que já  tinha uma escola em cima; não tinha  nem como batizar; tivemos que anular a lei. O sistema atual não tem impedido esse tipo de problema, como não tem impedido que uma comunidade tenha preferência por outro nome. Tem ocorrido o contrário:  comunidades que têm buscado Vereadores. Isso, lembro-me, aconteceu com o próprio Décio Schauren, com o Ver. João Motta, comigo. Por exemplo,  no  Coinma,  que  é  ao lado do Jardim Itú-Sabará, a Associação de Moradores se organizou e decidiu denominar 20 ou 30 logradouros, entre praças e ruas, e fizemos um conjunto de Projetos, como fez o Ver. João Motta no ano passado, ou o Ver. Décio Schauren - que eu lembro - fez uma  série  de  batismos de ruas. Então,  nós,  ou radicalizamos - só os moradores  decidem - ou, ao contrário, só os Vereadores decidem. Nem uma coisa e nem outra, vamos precisar definir algo: eu não acho que o Vereador deva ir lá na comunidade, necessariamente, para fazer contato. Como o controle do processo é do Executivo, se for o caso, é o Executivo, que tem  cadastro, que tem  como chegar rapidamente, que deve fazer, anteriormente, uma consulta ou comunicar a comunidade. Parece-me que o problema é dele: comunicar a comunidade, que normalmente é organizada.  Se ela é organizada em associação, se tiver veto, ela imediatamente vai-se dirigir à Câmara  ou ao próprio Executivo, que irá buscar alternativas.  Vejam, às vezes, não é o Vereador que busca a rua tal. Eu vou lá buscar uma rua, e a SMOV me dá duas ou três alternativas; eu escolho uma,  porque a rua é maior ou porque está mais perto da zona onde o homenageado residiu algum tempo, ou coisa desse tipo. Na verdade, há um processo  um pouquinho mais complexo do que parece, como o expressado no pronunciamento do Ver. Cyro Martini, que, aliás, como bem colocou o Ver. Adeli Sell, foi muito infeliz no exemplo do filósofo Bertrand Russell, muito infeliz, porque se há alguém que tenha a ver com  comunidade pobre é o Bertrand Russell, que sempre foi um homem de esquerda, foi quem criou o tribunal internacional, que leva o nome dele - Bertrand Russell - para punir e julgar crimes contra a humanidade. Pelo contrário, uma vila é muito  mais necessitada de defesa, às vezes, do que qualquer outro bairro de classe média ou coisa parecida. Então, neste caso, o Ver. Cyro Martini foi muito infeliz.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Antonio Hohlfeldt, em seu pronunciamento V. Exa., afora abordar o Projeto que está em Pauta e discussão, o primeiro Projeto aliás, deste ano legislativo, comenta uma questão da maior importância, e, não por equívoco, mas por interpretação, faz uma ilação da qual eu discordo: é de que existe -  e é uma questão importante porque tira o poder deste Poder Legislativo - um prazo legal para efeito do Vereador ao pegar o nome do Poder Executivo e depois propor o Projeto. Quero dizer que discordo totalmente do fato daquele procedimento  ser do Poder Executivo. Isso tira o poder  legislativo dos Vereadores, e tenho certeza de que com essa lógica V.Exa. também concorda. Aqui na Câmara  vou me bater contra isso. Não existe essa de o Vereador ir lá pegar uma lei, ter um prazo "x" para entrar com a lei. Isso é tirar do Vereador a sua capacidade de legislar. Se o Vereador  apresenta o seu Projeto  por primeiro, é porque ele é que teve a iniciativa legislativa. Informo a V. Exa. que este é um tema  que irei me dedicar e que, acredito, tira parte da competência deste Poder.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT:  Vereador, vamos inverter a situação: sendo da oposição, vou defender o Governo agora,  dizendo que o Executivo tem adotado essa posição.   Acho que é uma prática necessária, na medida em que muitos Vereadores desta Casa se adonavam dos nomes das ruas e passavam oito anos sem batizá-las, e sem largar o mapinha. Então, o Executivo tomou esta decisão para poder, democraticamente permitir, quero dizer,  ou o Vereador batiza e encaminha, ou devolve ao Governo para a rua ser batizada. O tema é de discussão,  ainda há espaço para inscrição e poderemos continuar o debate sem nenhum problema. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE:  O Ver. José Valdir está com a palavra.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, inscrevi-me apenas para discutir uma questão  suscitada, entre outras, pelo Ver. Antonio Hohlfeldt. Desde a Legislatura passada, quando fui Vereador desta Casa, eu levanto esta questão; acredito que não se pode tirar do Legislativo - e, certamente, não se pode fazer isso - a prerrogativa de legislar sobre nomes de ruas, mas temos que ter um meio termo, bem na linha  do que o Ver. Antonio Hohlfeldt colocou. Nós temos que ter uma forma de consultar a comunidade, porque é muito complicado acontecerem fatos como aconteceu na vila onde moro. A Associação de Moradores estava num processo de discussão para dar nomes às ruas que ainda não tinham  nome. Eu era Presidente na época, e quando  estávamos no meio do processo de discussão, já com  algumas ruas definidas, ficamos sabendo que elas já tinham nome, e isso nunca tinha chegado ao nosso conhecimento. Da noite para o dia, a rua onde moro recebeu um nome e não sei nem quem  o deu, nem como, qual o processo utilizado, enfim, não houve consulta nenhuma. Os nomes eram completamente estranhos à realidade, à cultura da comunidade. Sei que o Ver. Décio Schauren, na Legislatura passada, andou aperfeiçoando isso, e lembro-me que, quando eu estive como Vereador nesta Casa, o Projeto do Ver. Décio Schauren não havia sido aprovado. Ele o reformulou depois, e andou aperfeiçoando esse dispositivo.

 

O Sr. Décio Schauren:  V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. José Valdir, é importante dizer que a idéia do Projeto de Lei que fiz na época surgiu a partir da rebeldia dos moradores da região onde V.Exa. mora, pois foram impostos nomes em algumas ruas, quando a Associação já tinha escolhido os seus nomes. Um dia, a Vila amanheceu  com nomes nos postes, que não haviam sido escolhidos pelos moradores. É evidente que se discutiu o Projeto, tanto na Casa como com as comunidades e conseguiu-se aperfeiçoá-lo e chegar-se a um meio-termo. Há a possibilidade de a comunidade escolher um nome e de, naqueles loteamentos que ainda não são povoados, os moradores fazerem a sua homenagem. É evidente que o Vereador também pode ter a iniciativa com relação a um nome e convencer a comunidade de que aquele nome, aquela homenagem é importante. A democracia é bonita, mas não é muito fácil. Às vezes, por parte  da comunidade, também surgem nomes que não têm a preferência da maioria dos moradores. Por isso, é importante observar que, às vezes, vêm abaixo-assinados com cinco ou seis assinaturas, quando, naquela rua, há 200  moradores. Acho que aperfeiçoou-se a democracia numa questão básica, mas isso pode ter suas contradições, e não é muito fácil.

 

O SR. JOSÉ VALDIR:  É óbvio que penso que nós instituímos os mecanismos democráticos; só que isso não garante a democracia. A democracia é  essencialmente uma prática; não são apenas as normas que vão garantir o processo democrático. Eu também acho - essa é minha tese aqui - que, na questão da democracia, nós temos sempre que combinar a democracia representativa - a prerrogativa dos Vereadores - com a democracia participativa. Eu sempre lembro isso, para que não aconteça o que aconteceu na minha vila: eu dormi na Rua D e acordei na  Rua Mário Pá. Os moradores ficaram sabendo pelo  carteiro e descobriram que o nome da rua há tempo havia sido modificado e eles sequer tinham informação. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa manifesta, mais uma vez, neste início de Legislatura, a preocupação de que a revisão do Regimento deve ser feita com muita urgência porque estamos usando, por várias vezes, o tempo de outros assuntos para discutir  Regimento. Essa foi mais uma demonstração. Eu não quis cortar o Ver. José Valdir porque outros  Vereadores já haviam usado esse tipo de argumento. Nós nos estamos desviando para a discussão do Regimento, sem querer, mas a situação se criou, e já aconteceu por várias vezes neste Plenário: o Regimento  está sempre em pauta. Está encerrada a discussão de Pauta.

O Ver. João Dib está com a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. JOÃO DIB:  Sr. Presidente, Srs. Vereadores, não posso dizer que não esteja muito satisfeito porque, realmente, estou. Um Projeto de Lei simples em que a coletividade libanesa procurou um Vereador de ascendência libanesa para que o padroeiro do Líbano fosse homenageado, já causou bastante celeuma. É claro que eu procurei informações  sobre a terra dos meus pais, claro que o Consulado do Líbano me encaminhou matéria sobre São Marun, eu vou tirar algumas cópias e vou distribuir para alguns Vereadores - o Ver. Adeli Sell se apresenta, ele já estava como primeiro em minha lista, o segundo é o Ver. João Carlos Nedel. Mas também serviu a apresentação de um Projeto bastante simples, para homenagear a colônia libanesa.

Mas também nesta tribuna se falou em Orçamento Participativo quando o assunto da Pauta era a denominação de um logradouro público. Eu vou perguntar, já que eu  falei sobre Orçamento Participativo, evidentemente, se colocou tudo o que eu disse.  E deste Plenário, várias vezes manifestei minha opinião. Nada contra o Orçamento Participativo, até porque quando Prefeito, e quando Secretário, em diferentes Secretarias, como Diretor-Geral do DMAE por duas vezes; como Secretário dos Transportes por duas vezes; como Assessor Engenheiro por duas vezes; como Assistente Técnico da Secretaria de Transportes, e posso não ter feito Orçamento Participativo, mas eu participei, eu deixei a comunidade falar e ouvi. E a comunidade, quando eu deixei a Prefeitura, me fez uma homenagem muito grande, quando em uma entrevista diziam: "O Prefeito João Dib recebia até para dizer não". Portanto, a minha forma de fazer Orçamento Participativo talvez fosse diferente. Mas a comunidade participava nas decisões e a comunidade  também era cuidada nos seus grandes problemas porque a Cidade não é só grandes problemas, e a minha administração estava voltada para o pequeno problema, mas cuidou do grande também.

Agora, evidentemente, duvido que o Orçamento Participativo tenha autorizado essa publicidade aqui, eu não sei se saiu uma vez  só, mas é o bastante. Todos sabem o quanto custa meia página de jornal, e saiu em três jornais. Aqui o contribuinte municipal reclama para este Vereador que não pode entender - e não dá para entender mesmo - que uma publicidade desse tamanho, que  coloca em destaque a Administração  Popular, que é uma expressão contestada no Tribunal de Contas, para cobrar dois mil reais de multas, ou melhor, para notificar dois mil reais de multas, gaste alguns milhares de reais. Será que o Orçamento Participativo  aprovou dez ou quinze milhões de reais para notificar dois  mil reais de multas? Na minha  idéia participativa eu mandava para o contribuinte uma cópia do seu auto de infração, da sua notificação e gastava, desses sete, não mais de dez reais, mas aqui gastaram dez mil reais para notificar dois mil. Será que o Orçamento Participativo fez isso?

Ontem eu fui procurado, como outros Vereadores devem ter sido, para que a Câmara tivesse  a sua participação em um programa de televisão muito importante que completa vinte,  ou talvez vinte e cinco anos. Eu disse para os que me procuraram, e que estavam atrás das Lideranças, que não perdessem  o seu tempo, porque aqui nesta Casa não haverá dinheiro para participar desse programa, mas lá no Executivo, para cobrar dois mil reais - não sei se vai cobrar, porque ainda se pode discutir  -  gastaram talvez vinte mil reais, se não mais, porque devem haver outros pequenos jornais, já que me perguntaram quais eram os jornais, mas o contribuinte só reclamou de três jornais. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  O Ver. Luiz Braz está com a palavra, em tempo  de Liderança.

 

O SR. LUIZ BRAZ:  Sr. Presidente e   Srs. Vereadores,   a  antiga  Vila Cai-Cai foi retirada da beira do Rio Guaíba e levada para o sopé do Morro  do Osso, aliás antes uma região completamente sagrada para o PT, mas depois que este assumiu o Governo começou a ser desmistificada. Aqueles moradores que para ali  foram levados, Ver. Pedro Américo Leal, num prazo muito curto, começaram a abandonar aquelas casas e, de repente, a Administração Municipal começou  a perceber que eles estavam  resolvendo uma situação de quem não  tinha uma situação para ser resolvida. Eles queriam dar casa para quem não precisava dela, pois eram  pessoas itinerantes, então, o que aconteceu? As pessoas que foram levadas para  o Morro do Osso, retiradas, muitas vezes sem nem saber quem eram, lá da Vila Cai-Cai para o Morro do Osso, abandonaram as suas  casas. Para aquelas casas ali, outras pessoas  foram e que não são  vinculadas ao plano administrativo do PT. O que aconteceu agora? A Administração Petista imediatamente entrou na Justiça  para arrancar aquelas famílias daquelas casas que foram construídas no sopé do Morro do Osso. Ver. João Carlos Nedel,  25 famílias serão retiradas daquele local. Eu pergunto a V.Exa., será que aquelas famílias que estão colocadas naquelas casas do loteamento do Morro do Osso precisam menos de casa  do que as outras que foram levadas para lá? Qual está sendo o julgamento do Partido dos Trabalhadores para entrar na Justiça e atirar na rua 25 famílias? Os despejos vão ser iniciados na segunda-feira, os Vereadores do PT que  há muito tempo invadem regiões e defendem aquelas pessoas que lá invadiram, eu pediria que, por favor,  comparecessem lá no loteamento do Morro do Osso  e defendessem aquelas famílias que serão colocadas para fora, sem ter onde ficar. Verª. Maria do Rosário, V.Exa. que cuida das questões fundiárias deste Município, são 25 famílias que serão despejadas pelo partido de V.Exa. , e eu pergunto:  onde é que ficarão essas famílias e qual a justiça que está sendo praticada? Meu amigo, Ver. Hélio Coberllini, que tratou tanto tempo da questão de habitação aqui neste Município, e que conhece muito bem  este Município com relação aos problemas habitacionais, eu pergunto a V.Exa.: qual a solução  para estas 25 famílias? E qual o critério que foi utilizado  pela administração petista para levar famílias que eu acho que não estavam precisando de casas? Por que elas foram levadas para casas e, no dia seguinte, praticamente, elas as abandonaram e desapareceram? Ou venderam as chaves ou abandonaram simplesmente. Só que ficou a seguinte situação: pessoas que venderam  tudo o que tinham, televisão, geladeira, para comprar aquelas chaves  para ficar numa casa, porque precisam de moradia, estas pessoas estão sendo  despejadas. Qual é o critério? Por que eu não vejo nenhum pronunciamento de um Vereador petista, aqui, explicando por que o PT vai despejar essas famílias ali no sopé do Morro do Osso. São 25 famílias. Eu só espero que, na segunda-feira, quando os despejos serão iniciados, que os Vereadores situacionistas, tão  preocupados com a situação da moradia, aqui, no nosso Município, que  estes Vereadores estejam lá para defender aqueles moradores. Porque tais moradores, muito embora não sejam filiados ao PT, também precisam residir em algum lugar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  O Ver. Antonio Hohlfeldt, do Partido da Social Democracia Brasileira, está com a palavra, em tempo de Liderança.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu  acho que a Administração Municipal faz muito bem quando  fiscaliza a aplicação de leis que foram votadas, aprovadas por esta Casa e homologadas pelo Prefeito Municipal.  Agora, também acho, e acho que os Vereadores do PT vão estar de acordo comigo, que todo mundo é igual perante a lei, seja quem for.  Eu quero ler, aqui, um Pedido de Informações n.º 144/96, de 20 de novembro de 1996, feito por este Vereador, que  indagava o seguinte ao Sr. Prefeito Municipal,  Ver. Guilherme Barbosa, V.Exa. que  quase ocupou a SMOV: "O prédio localizado na Av. Borges de Medeiros, nº 2.244, possui 'habite-se' da SMOV? O  'habite-se'  inclui a ocupação de todos os seus andares, inclusive suas atividades? A última vistoria feita pela SMOV quanto aos extintores de incêndio, quando ocorreu? E as calçadas, como se encontram defronte ao prédio?"  Pois sobre o prédio da Av. Borges de Medeiros n.º  2.244, -  o Prefeito disse que era muito complicado me responder no prazo legal e pediu uma dilatação de prazo - no dia 30 de janeiro de 1997 o Sr. Prefeito Raul  Pont me respondeu: "Informo que o prédio da Av. Borges de Medeiros, 2.244, não tem Carta de Habitação em decorrência da ocupação do 7º andar, cujo acesso se dá exclusivamente por escada. No local são exercidas atividades administrativas, remontam o ano de 1974. Cabe ressaltar que a desocupação do referido  andar está prevista para o mês de março do corrente", e agora pasmem, Srs. Vereadores, "com a transferência da Secretaria Municipal da Indústria e Comércio para o prédio da Rua dos Andradas". Ou seja, a SMOV, que é tão dura na fiscalização, o prédio da SMOV que é na Av. Borges de Medeiros, 2.244, jamais, jamais teve "habite-se"! Nem nos 8 anos da Administração Popular. É fantástico, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é fantástico! A SMOV - Secretaria Municipal de Obras e Viação - não é capaz de fiscalizar o seu próprio prédio. Não estou  cobrando de ninguém daqui, Ver. Guilherme Barbosa, estou cobrando da instituição como um todo. Talvez até para louvar que enfim parece, ou por causa do PI, ou porque enfim conseguiram um prédio alternativo, vai-se resolver essa situação. Agora, eu pergunto: com que autoridade - meu Deus do céu - a SMOV deita discurso pela mídia dizendo que tem que fazer isso, tem que fazer aquilo?

Quero ir adiante, com referência aos extintores de incêndio, no mês de outubro de 96 foi providenciado junto à firma para recarga dos mesmos. Ou seja, até o meu Pedido de Informação, aí a relação é direta, extintor de incêndio do prédio  da SMOV,  que fiscaliza extintor de incêndio de toda a cidade de Porto Alegre não estava carregado. Lá está a SPM, lá está a SMOV, lá está a SMIC e, sobretudo, Sr. Presidente, Srs. Vereadores - Ver. Guilherme Barbosa, V.Exa. que fez vários  Projetos nesse campo e tem discutido a questão do código de incêndio - lá estão milhares de pessoas. O Ver. Clovis Ilgenfritz foi Secretário do Planejamento e ajudou a recuperar o sistema de ar condicionado central naquele prédio,  que não funcionava quando o Prefeito Olívio Dutra assumiu a Prefeitura.  Ver. Clovis Ilgenfritz sabe do estado de verdadeira arapuca  que é aquele prédio. Se o Prefeito Collares e o então Secretário Municipal de Obras e Viação Wilton Araújo se preocuparam tanto, Ver. Nereu D'Ávila, com a nossa Casa no prédio da Prefeitura nova e nos trouxeram primeiro para o Centro Municipal de Cultura e depois para cá, por que não se preocupar  com o próprio prédio da SMOV? É absurdo que, em diferentes administrações, a SMOV queira fiscalizar e seja absolutamente omissa. A última pergunta eu deixo, ainda não fiz, mas vou fazê-la: quais as multas que a SMOV aplicou na SMOV por até hoje não ter carta de habitação? É a pergunta  que vou fazer no próximo capítulo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Hélio Coberllini está com a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. HÉLIO CORBELLINI:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ouvi com atenção o Ver. Luiz Braz que falou sobre um dos problemas mais sérios de nosso País. Durante os  últimos três anos  tratei sobre esta questão no Executivo. Acho que é extremamente importante na vida legislativa obtermos informações e passá-las  de forma correta. Eu sei  que a intenção  do nobre Ver. Luiz Braz não é desinformar esta Casa e, por isso, gostaria de dizer algumas coisas sobre esta questão que eu conheço. Estive no Loteamento Cavalhada no domingo passado preocupado com a situação dessas famílias: o Loteamento não fica no sopé do Morro  do Osso e sim na Av. Cavalhada.

Esta Casa aprovou regime de propriedade daquele Loteamento, que é Direito Real de Uso. Quando foi aprovado esse regime de propriedade, que foi discutido com a comunidade, o DEMHAB conhecia um por um os cidadãos daquela comunidade.

Sabemos que no meio dessa comunidade há companheiros excluídos. Existe uma relação absolutamente perversa, ocasionada pela forte necessidade, às vezes, que a vida lhes impõem, que é a venda da sua casinha. Por que ele  vende a sua casinha?  Será que ele não a quer ou não  se apegou a ela? Não.  A grande parte das vezes ele vende a casa porque precisa suprir outra necessidade que tenha surgido. No caso da Cavalhada a nossa Bancada está discutindo, porque há de se chegar a uma solução. E esses companheiros com quem conversamos sabem que o Direito Real de Uso, esse regime de propriedade, deve ser preservado para que se possa, na medida em que todos os governos conseguirem atender a esse direito humano, direito de todas as pessoas terem a sua casa, ficar com determinado controle  sobre essas casas, porque senão assim,  a especulação imobiliária entraria  nas vilas por parte de alguns agentes que têm mais força econômica.  O DEMHAB certamente chegará a uma solução, a Bancada fará reflexões. Nós não podemos, em cima das necessidades desses companheiros sem-teto, explorá-los politicamente e jogá-los contra uma posição que o Governo está estudando. É obrigação, o nobre companheiro sabe, do Poder Executivo entrar na Justiça quando a sua propriedade foi de alguma  forma desvirtuada. O direito real de uso mantém a propriedade daquelas casas no Município, concedendo aos cidadãos a moradia por 30 anos. Não se trata de um despejo de forma... Esta Casa tem que fazer essa reflexão da forma como o Ver. Luiz Braz colocou, mas tem que ser uma reflexão de como isso acontece em todas as vilas de Porto Alegre, de como nós poderemos contribuir com os companheiros  excluídos frente à especulação imobiliária, porque ela é extremamente mais perversa e violenta e, às vezes, chega à coação física, não é possível permitirmos isso. Temos que, quando uma comunidade escolhe a sua opção da propriedade, mantê-la com essa  propriedade. Nesses casos, é discutir e achar uma solução para essas 25 famílias que estão  com a sentença já ocorrida na Justiça e com o despejo decretado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Carlos Garcia em tempo de Liderança.

 

O SR. CARLOS GARCIA:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vou ocupar o nosso Tempo de Liderança também levando por esse assunto da questão dos sem-teto. Durante toda nossa campanha os sem-teto não foram o nosso objetivo principal, mas defendemos que todo cidadão tem direito à sua moradia. Há poucos dias, o Ver. Isaac Ainhorn, nesta Casa e nesta Tribuna, denunciou uma situação irregular na Av. Oscar  Pereira n.º 4.470, próximo ao Hospital Divina Providência. Segundo o Vereador, naquela área estava ocorrendo e tinha ocorrido uma invasão, e os moradores o procuraram.  Realmente, a área foi invadida, só que há moradores morando há mais de oito anos. E, pasmem, temos aqui em mãos, contas individuais de água, contas individuais de luz. O próprio Poder Público que diz "não" às invasões, é o primeiro a dar água e luz. Gostaríamos de saber em que momento foi dado água e luz, porque, não tenho dúvida,  isso foi fornecido essencialmente com fins eleitoreiros. E o mais grave: durante toda essa semana nos ocupamos desse assunto, junto com a comunidade, e tivemos algumas reuniões com o Secretário do Meio Ambiente e com o DEMHAB; e somente no dia 20 foi passado às mãos dos moradores uma ação de despejo que também vai ocorrer no dia 24, segunda-feira, a partir das 7h30min, onde o Juiz coloca que a Prefeitura deve dar os meios para este despejo. Então a nossa preocupação é que mais de oitenta famílias serão despejadas, mas que durante todo esse ano de 1996 tiveram aquiescência do poder Público, que forneceu água e luz.  Então, onde está a nossa responsabilidade como homens públicos?  Quando fazemos a denúncia, devemos dar a "mão a palmatória": também somos  coniventes e incentivamos isso. Por isso, pedimos providências urgentes e que essa ação de despejo não ocorra na segunda-feira, dia 24 de fevereiro. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. ISAAC AINHORN:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, acho que o Ver. Carlos Garcia coloca  bem a preocupação em relação às  famílias que estão lá. Aquelas famílias são vítimas de todo esse processo  social distorcido, de um profundo déficit habitacional, que existe em nosso País, e em Porto Alegre não é diferente. O Ver. Pedro Ruas, com as informações da CUTHAB, enriquece o nosso pronunciamento, realmente há uma profunda distorção. Agora, nem por isso podemos afiançar, nem avalizar, situações absolutamente regulares, como a ocupação ocorrida no Morro da Glória, ali naquela reserva ecológica de mais de 60 hectares na embocadura da Gruta da Glória.

Gostaria, de outro lado, de dizer que esses processos já se desenrolam há quase um ano: a comunidade do Jardim Cascata foi ao Orçamento Participativo, foi  à Prefeitura, foi  à SMAM, e nada. Só a partir da intervenção desta Casa, das denúncias aqui ocorridas é que se tomou uma providência em relação àquela situação. Eu digo:  por que a Prefeitura não interditou  com a mesma eficácia com que interditou o prédio da ULBRA, na antiga Mesbla?  Essa  é a indagação, Ver. Sônia Santos, Ver. Eliseu Sabino, que nós deixamos, porque, num caso a complacência, a conivência, de uma certa maneira, interdita e noutro não interdita? Nós gostaríamos que tivessem o mesmo critério, sobretudo quando  o risco de vida ocorre com essas mais de cem famílias que estão lá instaladas, de outro lado, praticando, infelizmente com conivências da própria construtora, um crime contra a preservação ambiental, porque até lenha vendem ali, do desbaste da encosta do morro,  uma reserva de mata nativa. Por isso, nós, hoje, notamos que há uma ação mais efetiva, porque recebemos, inclusive, uma denúncia muito grave de que a própria empresa construtora, uma empresa de administração, proprietária daquela área, estaria estimulando aquela invasão para,  num ato subseqüente, promover a negociação  com o DEMHAB. Aliás, isso não é novidade: cria-se a situação de fato, depois, busca-se o amparo do Poder  Público para resolver a situação social criada. Daí, o DEMHAB - e reconhecemos isso - acaba entrando na parada para resolver, mas ali é impossível, porque é uma área de preservação ambiental.

Estas famílias, para onde elas vão? Não é possível colocá-las embaixo da ponte. Só  vejo a participação da SMAM neste processo.  Só vejo a participação da Secretaria do Governo Municipal, que vai oferecer os ônibus  para que sejam despejadas as famílias. Eu gostaria de  ver o Ver. João Verle, hoje, ocupando o DEMHAB, e assumindo a vanguarda da solução deste problema social que está criado. Eu acho que isso vai acontecer.  Eu não ouvi nenhuma manifestação dele. Eu gostaria, Ver. Gerson Almeida, V.Exa. que é um homem extremamente sensível, tanto na questão ecológica, V.Exa. foi Secretário da SMAM e tem uma história, nesse sentido, e, de outro lado, como um homem de profunda sensibilidade social, que tem em relação aos problemas desta natureza, que interviesse junto ao DEMHAB para encontrarmos uma solução  para essas famílias, porque a reintegração de posse vai ser feita; e para onde vão essas famílias? É o dramático problema social criado por este Governo que está aí, neoliberal, insensível aos problemas sociais, que teima só em privatizar, privatizar e privatizar e não resolve os problemas sociais que estão aí cada vez mais aguçados. É por isso que hoje a oposição e a reação não são só do PT, do PDT, são dos segmentos progressistas e nacionalistas do PPB, do PMDB e, com certeza, do PTB. Nós temos aqui, hoje,  na figura do Ver. Pedro Américo Leal um dos grandes batalhadores, não é ele sozinho dentro do PPB, é uma legião de inconformados. Lá na Câmara Federal tem um gaúcho que se chama Jarbas Lima, dentre outros que estão nesta mesma posição. Acho que a maioria é  do PPB. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PEDRO RUAS (Requerimento): Sr. Presidente, o servidor desta Casa, Coronel Luiz Gomes, tem atuado, em vários momentos, de forma decisiva, inclusive nesta semana, por determinação de V.Exa., o que foi muito importante, nos momentos de despejo, seja para uma eventual negociação com a Brigada Militar, seja até mesmo numa situação de maior crise para evitar violência, e tem feito isso em nome desta Casa. Então peço a V.Exa., já que há três despejos grandes nesta Cidade marcados para segunda-feira, que o servidor Cel. Luiz Gomes seja liberado para atuação nesses despejos, em nome desta Casa, sempre acompanhado de Vereadores, é claro, na próxima segunda-feira, às 7h30min. Talvez não haja tempo de comunicar a V.Exa. na próxima segunda-feira. É um pedido que faço a V.Exa. Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE: Será encaminhado o Requerimento de V.Exa.  Temos certeza de que o trabalho do Cel. Luiz Gomes, que é membro da Segurança da Casa, executa é da mais alta qualidade e tem sido importante no acompanhamento aos Vereadores, em especial, na Comissão de Urbanismo, Transportes e Habitação.

Srs. Vereadores, antes de ingressarmos na Ordem do Dia, pedimos licença para duas pequenas comunicações. A primeira é  de caráter pessoal, eu diria partidário. Ontem, tivemos uma notícia muito triste: a do falecimento  do meu companheiro, dos mais ilustres do nosso Partido, que foi o Mauri Maurer, que morreu afogado na praia de Cidreira, nos seus 46 nos. Hoje  pela manhã, está sendo sepultado em Monte Alegre, Santa Cruz, sua terra de origem. Ele foi, durante muitos anos, sindicalista, na Direção do Sindicato dos Bancários; foi  Presidente da Cooperativa do Banco do Brasil; foi fundador da Intersindical, que depois fundou a CUT; foi um dos principais fundadores do PT; foi sempre um dos braços direito na assessoria de Olívio Dutra e deste Vereador, muitas vezes esteve aqui, nunca ocupou cargo algum,  sempre anonimamente, e, ontem, à noite, fizemos uma homenagem a ele no Cemitério João XXIII. Após, ele foi transladado para Santa Cruz.  E, para resumir, nós o identificamos como o mais autêntico e leal companheiro da nossa instituição partidária. Peço desculpas, mas como este Presidente não tem outra maneira  de externar seus sentimentos, prefere levar um "puxão de orelha"  dos Vereadores a deixar de fazer este registro. Obrigado.

 

O SR. JOÃO DIB: V.Exa. tem o apoio e o aplauso do Partido Progressista Brasileiro.

 

O SR. PRESIDENTE:  Considero que isso é muito importante para nós, uma vez que foi um cidadão que nos honrou e nos deixou muito cedo.

 

O SR. REGINALDO PUJOL:  Sr. Presidente, da mesma forma, o PFL se junta à dor dos petistas neste momento desagradável que se registra.

 

O SR. CLAÚDIO SEBENELO:  Em nome da Bancada do PSDB também  aceite a nossa solidariedade  e o nosso pesar.

 

O SR.  NEREU D'ÁVILA:  Sr. Presidente, o Ver. João Dib havia falado em nome da Casa, concordando com as colocações de V.Exa. e pelo fato de ter sido um acidente de natação, tirando aos 46 anos uma vida, nós estamos sensibilizados.

 

O SR. PRESIDENTE:   A Bancada do PT se manifesta pelo seu Líder, estou escutando, aqui, a Bancada do PTB pelo nosso Secretário. Da mesma forma o Ver. Carlos Garcia se manifesta. Um segundo aspecto que a Mesa queria colocar, não propriamente  em tempo de Presidente, mas entendo que o Plenário está, praticamente, pleno. Temos um ofício de capa, assinado pelo Presidente e pelos 4 diretores da Casa, passando  uma informação detalhada a todos os Vereadores sobre a composição do quadro funcional da Casa em termos de serviços à Presidência, diretorias, serviços e chefias. Fizemos em função do organograma de cada um dos setores da Casa. Estamos distribuindo aos  Srs. Vereadores. Não foi fácil a montagem desse processo que inclui pessoas cujo critério adotado para escolha das chefias, do qual participou a Diretora Administrativa como principal componente, por serem atinentes a ela  diversas questões, o Diretor-Geral, a Diretoria Legislativa e o Diretor de Patrimônio e Finanças.

O critério, quero deixar claro, foi a capacidade, a qualidade dos serviços. Em alguns locais, não que houvesse expurgos ou queimações de funcionários, foram mudanças, todas elas, acordadas entre os setores que hoje estão dirigindo os serviços. Ver. Luiz Braz, não perguntamos a ninguém qual a origem partidária ou qualquer compromisso desse tipo. Depois, ficamos sabendo, em tom de brincadeira, pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, que uma das assessorias importantes da Casa está sendo ocupada por uma pessoa ligada à sua agremiação.  Isso para nós é importante, porque dá uma visão da universalidade e da necessidade de dividirmos as nossas responsabilidades como quadro funcional que é a mola propulsora  deste processo. Tudo o que decidimos, que a Mesa decide, depois tem que ser implementado. E o quadro funcional, que já é da alta qualidade, agora, com esta reestruturação, seguramente estará mais uma vez prestando os serviços que sempre prestou à Casa.

 

O SR.  LUIZ BRAZ:  O objetivo deste Vereador é cumprimentá-lo pelo modo como V. Exa. começou a administrar esta Casa neste ano. A exemplo do que já fizeram outros Presidentes no passado, V. Exa. está agindo com muita sabedoria. Ratifico a informação que V. Exa.  presta à Casa, de que as chefias não foram escolhidas pelo critério partidário. Elas foram escolhidas pelo critério de competência. Esta Casa está se  vendo bem servida nos seus diversos setores, porque está sendo bem conduzida por V. Exa.

 

SR. PRESIDENTE: Nós agradecemos  e queremos esclarecer que isso é um trabalho também da Mesa.

 

O SR. JOÃO DIB:  Sr. Presidente, ao mesmo tempo em que cumprimento V.Exa. pelo trabalho, que ainda não pude folhar totalmente, espero que aqui esteja respondido um dos meus Requerimentos,  também.

 

O SR. PRESIDENTE: O Requerimento de V.Exa. está sendo ultimado e, infelizmente, esta Presidência não conseguiu entregá-lo ontem, mas será entregue brevemente.

 

O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente, na mesma linha do Ver. Luiz Braz, eu cumprimento a Mesa,  na pessoa de V.Exa., em especial, pelo trabalho realizado até agora, principalmente pelo planejamento que existe em dotar esta Casa de recursos técnicos, materiais e humanos  qualificados para atender a população de Porto Alegre. O trabalho de V.Exa., como de resto o trabalho da Mesa, tem aparecido aos demais Vereadores e merece de nós este registro de elogio.

 

O SR. PRESIDENTE: Muito obrigado. Para finalizar esse aspecto, queremos dizer que está sendo elaborado, por cada setor da Câmara, um proposta mínima de alguns assuntos mais urgentes, que serão  discutidos na Mesa, depois, colocados para as Lideranças e, após, ao Plenário. São questões administrativas e questões de contato da Câmara com a comunidade.

 

Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

O SR. GERSON ALMEIDA (Requerimento):  Sr. Presidente, por motivos óbvios, esta Bancada silenciou quando, não só o Presidente, mas a Mesa, estavam sendo reconhecidos pelo seu trabalho. E para que não entendamos isso como uma coisa gratuita, no entanto, quero agregar o registro desta Bancada, não só ao trabalho do Presidente, mas também ao conjunto da Mesa, demonstrando que a pluralidade na condução dos trabalhos é que é, possivelmente, a grande vitoriosa sem, certamente, demérito à figura e à presença dos Vereadores que compõem a Mesa. No entanto, parece que o grande vitorioso é o processo de representação e condução plural da Mesa, que deve ser um preceito que, a partir de agora, vigore para sempre. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa agradece, registra e diz que queremos tentar continuar neste sentido.

Requerimento encaminhado à Mesa para que o Processo n.º 584/97 - PLL n.º 16/97, de autoria do Ver. João Dib, seja considerado em regime de urgência.

Em votação o Requerimento de Urgência do Ver. João Dib. Queremos, entretanto, salientar que ele será colocado em urgência logo após cumprida a 3ª Pauta.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem):  Sr. Presidente, eu peço escusas a V. Exa. mas, exatamente  como V. Exa. já declarou, V. Exa., neste exato instante, não poderia colocar o Requerimento em votação, dado que o Projeto ainda não cumpriu as três Pautas. Nunca aconteceu isso na Casa. Eu acho que é pela primeira vez que está acontecendo de estar sendo votada a urgência do Projeto antes de ser corrida a terceira Pauta. Acho que é um precedente perigoso.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, a Mesa se preveniu e consultou a Diretora Legislativa, e a informação que nós temos é que nunca se colocou isso em questão, até porque não havia necessidade dessa informação. Vota-se depois de correr a 1ª Pauta, a 2ª Pauta ou a 3ª Pauta. Mas executa-se quando ocorrer a 3ª Pauta. E como o Requerimento veio com esta data, a Casa quer dar celebridade e garantir que ele entenda que vai ser votado em regime de urgência. No entanto, fiz questão de frisar, cumprida a Pauta.

Em votação o Requerimento referente ao Processo n.º 584/97 - PLL n.º 16/97, seja considerado em regime de urgência. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

Queremos informar ao Plenário que, conforme o Processo n.º  515/97, nós tínhamos que designar representantes desta Casa -  titulares e suplentes - para o Comitê de Gravataí. Tendo em vista o recesso e ainda levando-se em conta as proposições  levadas pelos membros da  Mesa, na época foi  confirmado  o então representante desta Casa, na  Legislatura passada, o Ver. Guilherme Barbosa como titular. Foi solicitada à Comissão de Saúde, presidida pela Verª. Sônia Santos, a indicação de um suplente, que foi prontamente escolhido na reunião da última terça-feira. Hoje temos em mãos, para informar, que o Ver. Gerson Almeida foi indicado, conforme deliberação desta Comissão, como representante da Comissão Municipal, na qualidade de Suplente, para integrar o Comitê de Gravataí. Isso responde a uma solicitação do Sr. Isaac Zilberman, Presidente do Comitê de Gravataí que, inclusive, tinha prazo para indicar o titular pelo menos, que era até o dia 18 de fevereiro. Então precisamos indicar com certa antecedência. Entendemos que estamos muito bem representados pelos Vereadores que têm trânsito nesta área e que se propuseram a trabalhar nesse assunto. Outros comitês terão representação, e estarão sendo sugeridos a este Plenário os representantes.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exa. permite-me um aparte? (Assentimento do orador.) Sr. Presidente, uma vez que V. Exa. está falando de Projetos importantes, eu pergunto se, porventura, o projeto do Plano Diretor teve pedido o seu desarquivamento por parte do Executivo?

 

O SR. PRESIDENTE: Até o presente momento, o Projeto de Lei do Executivo que trata do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental não teve requerido o seu desarquivamento.  Extra-oficialmente tenho notícias, confirmadas e reconfirmadas, de que o Governo Municipal estará pedindo esse desarquivamento nos próximos dias. Gostaria de aproveitar, Ver. Luiz Braz, para informar a V.Exa. e a todos os demais Vereadores, que ontem participei rapidamente de uma parte da reunião dos nossos Assessores Especiais para o Plano Diretor e tive oportunidade de, junto  com a Procuradora-Geral, Dra. Marion, apresentar e já entrosar, na Comissão de profissionais técnicos, a nova Procuradora, Dra. Susiane, que estará  integrando aquela Comissão como membro da Procuradoria para ir-se entrosando no processo legislativo que, seguramente, vai ser muito difícil de ser resolvido. A nova Procuradora já está trabalhando na equipe. Na próxima quinta-feira, completaremos a equipe - está faltando ainda alguma indicação - e verificaremos qual será o coordenador da mesma.

Passamos à

 

EXPLICAÇÃO PESSOAL

 

O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, algumas vezes, nesta tribuna, eu tenho dito que o Brasil está a venda. E, hoje, a capa da "Zero Hora" traz uma manchete muito semelhante: "O Pampa está a venda".  Essa manchete significa  - e a informação vem depois ampliada na reportagem - que a agricultura no Rio Grande do Sul, assim como de resto do Brasil, passa por uma crise sem precedentes. As terras do nosso Estado, hoje, valem a metade do que valiam há pouco tempo atrás. É uma informação da  "Zero Hora",  não é um discurso dos opositores ao Antônio Britto e ao Fernando Henrique Cardoso. A agricultura está em crise. E eu pergunto: alguém já ouviu a voz do Governador Antônio Britto fazendo alguma crítica a esta política do Governo Federal, que atinge duramente a muitas e muitas cidades do nosso Estado, que têm a sua economia baseada quase que completamente na agricultura? Ver. Eliseu Sabino, V.Exa. já ouviu o Governador Antônio Britto defendendo o seu Estado? Eu nunca ouvi. Omisso, completamente omisso. No seu pronunciamento neoliberal, completamente aliado ao Governo Fernando Henrique Cardoso, o faz calar nessa atividade que sempre foi das mais expressivas do Rio Grande do Sul. E a partir disso as terras são vendidas, havendo, evidentemente, maior concentração nas mãos de alguns poucos, o que dispensa a já rala mão-de-obra no campo e que faz aumentar o cordão de pobreza nas cidades maiores. Isso não é fala de um opositor ao Governo Britto e ao Governo Fernando Henrique Cardoso; é matéria de capa do Jornal Zero Hora.

Quero também abordar outro tema ligado ao governo estadual. Ontem, na coluna do Jornalista Políbio Braga, agora escrita pela Jornalista Denise Nunes, havia uma informação que nós tínhamos, mas que veio com força pública, de que nesse processo de privatização pelo qual a CEEE vai passar - é o desejo do Governo do Estado, mas nós estamos lutando ainda para ver se há alguma possibilidade de reverter   - o Governo Estadual e a Direção da CEEE decidiram, Srs. Vereadores,  - infelizmente, uma decisão aceita numa assembléia na qual eu não estava, o que, acho,  não iria modificar nada,  por grande parte da categoria - o seguinte: daqueles que tiverem a possibilidade de comprovação da contribuição de 30 anos para o INSS, com qualquer idade que tenha, a CEEE, a empresa vai assumir a complementaridade do salário até que o funcionário complete 55 anos. No setor elétrico, pela periculosidade que existe em algumas atividades, a cada ano de trabalho a pessoa ganha 4. Isso significa, Ver. Pedro Américo Leal, que pessoas com 22 anos de contribuição ao INSS e com 40 anos de idade estejam, hoje, se aposentando. Dos 40 até 55 anos de idade do aposentado a CEEE, sozinha, vai complementar o salário. A partir dos 55 anos do aposentado, a Fundação da CEEE passa a complementar. Deverão sair, numa avaliação que se fez, meu colega eletricitário, Ver. Paulo Brum, entre 1.000 e 1.500 funcionários nessa situação. No PDV aplicado antes, já tinham saído cerca de 1.200 funcionários da CEEE, totalizando, portanto, entre 2.200 a 2.500 funcionários num período curtíssimo.  Qual é a conseqüência? Nesse vendaval que aconteceu no Carnaval, a Cidade ficou muitos dias sem energia elétrica, porque não existe mais número suficiente  de funcionários na CEEE para fazer o atendimento. Vemos, então, melancolicamente, o Presidente da CEEE pedir desculpas à população. Culpa dele, que está desmontando a CEEE, preparando a privatização! Esse aumento de custos que terá a empresa, ficará com a empresa estatal, enquanto as outras parcelas que serão privatizadas não  terão esse custo. É, de certa maneira, uma imoralidade o que o Governo Estadual está fazendo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, comunico que, em reunião com a Mesa, ontem foi colocado que a reunião de Mesa e Lideranças, como foi sugerido por este Plenário, em várias oportunidades, poderá ser realizada na próxima quinta-feira, dia 27, às 16 horas, ou seja, logo após as reuniões das Comissões. É a sugestão. Se for aceita, depois informaremos oficialmente.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: Sou um dos requerentes dessa reunião. Gostaria que fosse examinada a possibilidade de que ela acontecesse na terça-feira, após as reuniões das Comissões. Há algumas Comissões que têm reunião mais forte na terça-feira, e quinta fica para outro tipo de reunião. Terça-feira é um dia de presença quase obrigatória na Casa.  Seria um aproveitamento dessa situação, sem querer contrariar a Mesa, que, evidentemente, está de boa vontade.

 

O SR. PRESIDENTE: Só não fazemos a reunião na terça-feira, porque estaria faltando o Ver. Isaac Ainhorn. Ele mesmo liberou a Mesa para que fosse feita  terça-feira, mas achamos que para reunir algumas matérias que estariam em discussão haveria mais tempo. Não há óbice, apenas vamos ter a ausência do 1º Vice-Presidente. Se todos   concordarem,   podemos  fazer a reunião na terça-feira às 16 horas ou às 16h30min.

Quanto à questão do plenário, o Sr. Diretor-Geral vai fornecer um croqui e distribuir às Bancadas dos dois plenários, Ver. Pedro Américo Leal. Vamos tentar ir para o outro plenário o quanto antes. Pedimos que as Bancadas, entre si, entrem em acordo  para que, nesta reunião de Liderança, não fiquemos discutindo este tipo de coisa.

Passo a Presidência ao Ver. Reginaldo Pujol.

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Com a palavra o Ver. Antônio Hohlfeldt. Ausente. O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a palavra. Desiste. O Ver. Cyro Martini está com a palavra.

 

O SR. CYRO MARTINI:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nunca foi meu propósito, quando me pronunciei anteriormente, dizer que São Marun não merecesse a nossa consideração e homenagem. Não foi este o propósito. Se entenderam assim, incorreram, no meu entendimento, em equívoco.

De outra parte, não foi meu propósito dizer que Bertrand Russell ou qualquer outra figura destacada, tanto no contexto internacional quanto no nacional, não mereçam a nossa homenagem. O nosso propósito foi destacar aquilo que nós ouvimos nas comunidades. A comunidade também deve ser considerada, respeitada e ouvida sempre que for o caso de se propor um nome para algum logradouro. Também  não foi o meu propósito cassar a prerrogativa dos Vereadores de propor nomes para os logradouros. Essas explicações são para deixar bem claro a nossa posição - eu não vejo como abrir  mão desse princípio - de que a comunidade deve ser ouvida, porque ela merece essa nossa atenção, esse nosso carinho. Com relação, Sr. Presidente, ao Orçamento Participativo, esse foi um compromisso que assumi no Orçamento do Partenon, como também em outras reuniões  do Orçamento em outros locais. Esta Casa procurou, de alguma maneira, criar embaraços para o andamento normal, o andamento espontâneo do Orçamento Participativo, embaraço no sentido de querer regulamentá-lo de fora para dentro, de cima para baixo. Eu, junto com os meus companheiros do Orçamento Participativo, não concordava e agora, aqui, diante do que está exposto hoje no "Correio do Povo", coloco a minha posição  que vem ao encontro  da posição dos meus companheiros, especialmente do Orçamento Participativo do Partenon. Nós não concordamos com que haja uma regulamentação de fora para dentro,  de cima para baixo que queira, de uma parte, engessar o Orçamento Participativo, tirando dele a espontaneidade, a naturalidade, a manifestação própria do povo sem qualquer injunção, sem qualquer propulsão, sem qualquer empurrão externo. Não concordamos com qualquer forma de engessamento. Esse é uma atenção que, parece-me, nós devemos colocar aí bem claramente. De outra parte, também entendemos que a regulamentação deve ser auto-regulamentação dentro do próprio Orçamento Participativo; o Orçamento deve-se auto-regulamentar. De outra parte também, não cabe qualquer forma de atrelamento do Orçamento à Prefeitura, ao Executivo, ao Legislativo. Ele deve trabalhar na sua esfera, no seu âmbito, pois não é órgão da Prefeitura, do Estado, da União e nem de outro órgão não-governamental; é um Conselho ou alguma coisa que se organiza espontaneamente dentro de sua própria região. Então esse é um dado também bastante claro: não concordamos em engessá-lo,  atrelá-lo, regulamentá-lo de fora para dentro. Nós não concordamos, venha de onde vier a proposição. Entendemos que o Orçamento tem a sua missão, tem seus propósitos e, considerando a sua importância e relevância, a democracia participativa que ele oferece deve ser respeitada e acatada. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ontem li atentamente a coluna de Políbio Braga no "Correio do Povo" e pretendia tecer um comentário a respeito. No entanto, o Ver. Guilherme Barbosa colocou exatamente aquilo que havíamos denunciado nesta Casa anteriormente, e que ontem ficou claramente expresso no jornal Correio do Povo: o que está acontecendo com a nossa CEEE e a irresponsabilidade de seus dirigentes no que diz respeito à questão das chamadas aposentadorias. Eu me junto às preocupações do Ver. Guilherme Barbosa, anteriormente, colocadas aqui.

Nesta semana, quando aprovamos, aqui, a Moção de  Solidariedade à luta em defesa do Banco Meridional público estatal, não tinha informação de que foi extinta a Empresa Meridional Informática, sem nenhuma tentativa de acordo com sindicato, com a federação e com os funcionários que não estão vinculados a essa entidade. Acredito ser um grande erro,  porque a sua simples integração ao Banco não é correta, porque esse trabalho, esse ofício tem especificidades, e a categoria perdeu uma série de avanços que ela havia conquistado através de sua luta e de sua mobilização. Mais um erro da direção do Meridional, e eu temo que seja proposital na linha que vem ocorrendo na direção desse Banco e pela obra  do Governo Estadual e Federal que estão alinhados nessa mesma  questão.

Eu havia levantado aqui a questão da criação de uma escola técnica agrícola em Porto Alegre. Comunico aos Srs. Vereadores que tive uma audiência com o Secretário Municipal de Educação, que está tentando  ultimar junto ao Prefeito Raul Pont, para que já neste ano a Escola Emílio Meyer tenha um curso de técnicas agrícolas; é um avanço, é positivo. No entanto, na minha opinião, não resolve o nosso problema que é uma demanda muito maior. Nosso gabinete está fazendo uma série  de pesquisas junto à comunidade de Porto Alegre e da região para verificar o número, o grau de demanda. Vou tentar levar essa discussão, eu e o Ver. Eliseu Sabino, para a Comissão de Educação desta Casa, porque acredito que nós, o Parlamento Municipal, deve dar uma contribuição importante ao Executivo Municipal nessa questão.

Estou, hoje, enviando uma carta ao Prefeito Raul Pont, chamando a atenção sobre a  importância do turismo, particularmente, no mês de março, na Semana de Porto Alegre. Porto Alegre no que tem a oferecer aos  municípios, ao Estado, ao Brasil e ao exterior. Vou propor ao Sr. Prefeito Raul Pont uma campanha  municipal para, na "Semana de Porto Alegre", trazermos pessoas que ainda não a conheçam e, quem já a conheça, conheça-a melhor, e para que fiquem conosco, a fim de que possamos fazer de Porto Alegre não a quinta cidade em atração de pessoas, mas uma das primeiras do MERCOSUL.

Fiz um Requerimento a esta Casa propondo uma exposição de fotos do fotógrafo Valter Freitas sobre o tema  "Juventude, Rebeldia e Democracia", no início do mês de março. Acredito que devemos ocupar todos os espaços desta Casa, fazer com que os nossos artistas, as pessoas que tenham a contribuir com a cultura de nossa Cidade, possam  se manifestar e que esta Casa, este espaço, seja o espaço de todos. Pretendo, com esta exposição, com este título inclusive, relembrar a luta da juventude, em particular, pelo "impeachment" , que teve um papel importante da nossa juventude. Conheço o trabalho deste fotógrafo e acredito que estaremos dando uma contribuição à cultura  e a esta Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol):   Com a palavra  o Ver. Elói Guimarães, inscrito em Explicação Pessoal.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, uma das constantes do cotidiano de Porto Alegre e do resto do Brasil, tem sido a violência. A violência tem, para mim, hoje, um papel endêmico, de natureza social. Se andarmos pela Cidade, todos ouvem e nós, permanentemente, vamos ser abordados por duas questões básicas: o assalto e o desemprego.  Então, a solicitação de emprego por parte das pessoas é algo extraordinário. De uns anos até esta data, e vem num crescendo, estes dois fatores têm marcado o dia-a-dia de Porto Alegre, do Estado e da Nação. A violência em supermercados, em pequenos estabelecimentos comerciais, nos nossos bairros, é incrível. É um dado que temos que trazer ao debate, porque esta Casa só cumprirá o seu papel quando ela passar a ser reflexo da realidade que nos cerca e há um dado aí extremamente complexo e delicado: a violência. Aqui, na Cidade, nos nossos bairros,  os pequenos  estabelecimentos estão trabalhando de portas fechadas. Tenho recebido inúmeras solicitações para que se instale um posto policial da Brigada Militar aqui ou acolá. É um movimento da população. Então, este dado está assustando. A população está sobressaltada com os assaltos que vêm ocorrendo.

Agora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Governo Federal vem através de uma Lei desarmar a população, discutível, mas o dado é concreto, quem vai ser desarmado é o homem de bem, esse não poderá  portar arma e não fará para não  sofrer punição. E, exatamente, o facínora vai ter mais facilidade de atacar as pessoas de bem. Então, o que eu quero colocar é o seguinte: isso aí tem uma causa, exatamente a situação difícil por que passa o País; mas que Plano Real é esse, Sr. Presidente e Srs. Vereadores? Que desestabilizou a economia, embora tenha estabilizado a moeda? E a televisão? E os meios de comunicação? Pintam um País colorido. Será que todos nós aí não estamos andando pelas ruas falando com a população para sabermos qual é a causa desse crescimento da delinqüência em nosso País? Ela tem uma causa social sim, está aí o desemprego. O desemprego tem um componente significativo na violência.

Então, temos que debater essas questões. Esse sobressalto da nossa população, basta andarmos pelas ruas, visitarmos os bairros, os bairros pobres, as pessoas estão sobressaltadas com a onda crescente da violência. E que providências se tem? Que providências adota o  governo, a não ser dizer que a inflação  está caindo?

Ora,  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, fazer a estabilização da moeda com os custos que está se fazendo, hoje no País, qualquer governo faz. Trouxe o Ver. Guilherme Barbosa, a questão da agricultura. A agricultura também, ao preço de seu sucateamento, está pagando o Plano Real com os preços primários absolutamente defasados.

Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esse colorido que a palavra oficial vem colocando na mídia, que tem articulado isso , nós precisamos questionar. Porque a situação do País é gravíssima. Está aí o Banco do Brasil, isto tem que ser investigado, teve um prejuízo no ano passado que corresponde ao orçamento do Uruguaios, e corresponde ao capital do Bradesco.

E o que está havendo, Srs. Vereadores? A população está anestesiada pela mídia que, permanentemente, vem dizendo que tudo está bem. Muito obrigado.

 

(Não revisto  pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): A Mesa informa aos Srs. Vereadores que o nosso Regimento, art. 184, ao regular a Explicação Pessoal prevê que ela é destinada à "manifestação de Vereadores sobre atitudes pessoais assumidas durante a Sessão ou no exercício do mandato". O parágrafo único estabelece que cada Vereador disporá de 5 minutos até o máximo de 5 inscritos, não sendo  permitido apartes.

Feita a explicação, está com a palavra a Vera. Maria do Rosário, por  5 minutos.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, lamento que neste período de Explicação Pessoal não haja apartes, porque o debate é importante. Talvez tenhamos que rever essa questão no Regimento.

Vou falar de um tema que tem nos apaixonado e nos mobilizado antes de tudo, sobre o qual tenho debatido com o Ver. Pedro Américo Leal em vários espaços públicos, para dar ciência à população dos nossos projetos, opiniões acerca da sociedade e de como ela deve ser organizada.

O Ver. Elói Guimarães ocupou esta tribuna falando sobre a questão da violência, do meu ponto de vista, com muita propriedade. Ela é parte do nosso cotidiano, vivemos um momento de medo, de instabilidade nas famílias. Tratou o Ver. Elói Guimarães de registrar como os pequenos comerciantes se encontram. E poderíamos destacar os taxistas que andam pela noite  na nossa Cidade, em todo o Brasil, vivendo uma situação de medo, de angústia muito grande. Temos pessoas em nossas famílias que em algum momento já foram vítimas da violência urbana, crescente em nossos dias; a diferença que tem de outras abordagens, é que me parece que ao mesmo tempo constatamos todos nós o aumento da violência em níveis que nos surpreendem, e nos fazem entristecer, nos fazem vítimas todos nós, nesta condição difícil. De outro lado, algumas abordagens trabalham somente com os sintomas, trabalham somente com a violência em si, com o resultado dela e não com as próprias causas. Sem dúvida alguma,  um tratamento como este faz com que possamos debater a questão, mas não apresenta reais soluções para o problema, do meu modo de ver; o aumento da violência, o aumento da criminalidade, da instabilidade na vida de todos nós, está muito mais ligado à condição econômica e social, à concentração de poder e riqueza, cada vez maior, que vivemos em nosso País, acima daquelas causas que podem nos parecer absolutas,  e que são absolutizadas nos debates e que na verdade não explicam a situação; por exemplo, Srs. Vereadores: a juventude brasileira é, não raras vezes, condenada pelo aumento da criminalidade. É dito aos quatro ventos que os adolescentes são responsáveis pela maior parte dos crimes, quando, absolutamente, não existe amparo nenhum para esta afirmativa nos dados apresentados pelos setores responsáveis pela segurança pública.

Quero registrar a visita que tivemos a Porto Alegre, convidado pela FEBEM, do jurista argentino Emílio Garcia Mendes, que tratou - conhecedor que é da realidade brasileira, já que foi consultor da UNICEF no Brasil, e agora o é na América Latina -  da questão da criminalidade, da violência e da questão específica dos adolescentes envolvidos em atos infracionários. Vejam, V. Exas., sobre o que nos alerta: cerca de 50% da população da América Latina é constituída de menores de 18 anos; mas dos crimes graves praticados somente entre 1 e 3% são praticados por esta população. O que significa que, se é verdade que a criminalidade está aumentando, é verdade que a presença dos adolescentes em atos infracionários graves é proporcional a esse aumento da criminalidade. Mas,  não vamos nós, Srs. Vereadores, e me permito dizer isso com todo o respeito à posição diferenciada do Ver. Pedro Américo Leal, com quem tenho debatido, que não vamos nós buscar falsas soluções, e normalmente a falsa solução vem com a condenação do Estatuto da Criança e do Adolescente, peça da mais absoluta importância que, se cumprida for, certamente enfrentará a situação social grave, que se abate sobre nossas crianças que são vítimas, essas sim, da criminalidade.  Vamos começar a contar as crianças e adolescentes, que são vítimas, e não somente, quando essas  são envolvidas, e na maior parte das vezes, iludidas e trazidas para o crime pelos adultos, que deles se utilizam. Vamos começar a falar do trabalho infantil, da sua exploração, da exploração sexual, da exploração de todo tipo, que acontece no País e das medidas preventivas que nós, enquanto  Município, buscamos constituir.  Ao lado do Município de Porto Alegre, é importante que esteja a sociedade, mas destaco, neste momento, o Governo  do Estado e o Governo Federal, que fechou a LBA, que fechou o CBIA, e com esses fechamentos levou os recursos sabe-se lá para que pagamento de dívida, para que rubrica da Administração Pública Federal, mas, de fato, os retirou da área social.

Concluo, dizendo que muitos temos a falar e que o debate permanecerá, certamente. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, registrando uma situação singular, de que nesta 3ª Sessão Ordinária, desta Legislatura, nós estamos ocupando todos os espaços previstos no Regimento, o que era uma raridade da Legislatura anterior, dado o grande número de projetos que tínhamos para examinar.

Tentarei, num esforço muito grande, já que fui um grande ouvinte nesta manhã,  oferecer algumas considerações sobre o tema principal, que foi o objeto de pronunciamentos diversificados, que é o problema da violência no País. É evidente que falar sobre violência neste País, 24 horas depois da desocupação do Guabijú, e não falar, neste momento, com palavras de elogio, à atuação serena, tranqüila e competente do Secretário de Segurança do Estado Dr. José Eichemberg, é uma missão muito forte. Por que ontem, num assunto extremamente delicado, que envolve choque de opiniões, choque de orientações, foi cumprida uma ordem judicial, e desocuparam uma área com 1.400 pessoas, sem que grandes registros que com que se lamente esse fato no dia de hoje; é uma atuação serena dos órgãos de segurança do Estado, especialmente da nossa gloriosa e competente Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul, tudo sob o comando  e coordenação do ilustre titular da Secretaria de Segurança Pública do Estado.

Eu acredito que essa ação  serena e tranqüila em um assunto tão conflitante pode e deve servir, inclusive, como embasamento para que algumas reflexões possam ser feitas neste momento em que todos,  com tanto vigor, lançam seus vitupérios acerca da insegurança pública de toda a Nação  brasileira e passem a entender que isso não é mais um Estado eminentemente paternalista e que qualquer fato que acontece neste País a culpa é do Presidente ou do Governo. Nesta hora, devemos perguntar o que  a sociedade está fazendo para contribuir, objetivamente, com relação a esse fato. Fala-se, por exemplo, na lei que veda ao cidadão,  na sua grande maioria, salvo exceções previstas na própria Lei, andar armado na rua. E aí dizem que essa  lei é um absurdo. Esquecem de  dizer que essa lei é uma iniciativa legislativa do Parlamentar que, depois de longa tramitação foi aprovada, e o Presidente da República nada mais fez do que sancioná-la. O que pretendiam? Que o Presidente vetasse a lei? A prerrogativa do veto ele teria, mas deveria justificá-la e entendeu mais oportuno sancioná-la. Não pode, agora, o Governo ser culpado de que  será colocada em prática uma lei polêmica, a qual grande parte da população aplaude, e da qual grande parte discorda. Essa lei, com relação  a mim, não vai produzir efeito, porque nunca tive um canivete, nem uma arma de fogo. Nunca tive um canivete, nem quando fiz a minha incursão como escoteiro. Não manejo muito bem esses instrumentos. Por isso, fico fora dessa discussão. Há alguma  ponderação muito positiva de alguns que reclamam que a lei vai ser executada só com relação aos homens de bem, àqueles que se sujeitarão ao cumprimento da lei e irão ficar desarmados perante o facínora, o assassino, o contraventor, etc., aqueles que usam das armas, abusivamente, para cometer as suas insanas e ilegais. Que não se cometa esse tipo de pessimismo antecipado e que se dê um voto de confiança às autoridades deste País, e que se a lei existir, no sentido de provocar o desarmamento geral da Nação, que ela seja cumprida, é o que nós temos que apostar, pedir e exigir. Falando em desarmamento, que se faça para o bom cumprimento da lei, o desarmamento dos espíritos. Vamos mudar de discurso nessa história de que o Presidente Fernando Henrique Cardoso  é responsável por tudo que possa desagradar a oposição brasileira; outros também têm responsabilidade, vamos examiná-la. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum):  Encerrado o período de Explicação Pessoal. Não há mais Vereadores inscritos. Estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 11h16min.)

 

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